segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Les insectes.


Pode ser que você ache que eu sou apenas uma joaninha que escuta conversas alheias, ou que eu sou apenas uma minhoca enrolada em um bocado de terra. Tanto faz, eu não sou importante nessa história, apesar disso, achá-la digna o suficiente para ser contada.

Antes de vir parar aqui, eu vivia em um pequeno, porém confortável jardim de beira de piscina. Ali habitavam centenas de outros pequenos insetos, das mais variadas espécies. Mas as lindas borboletas sempre chamaram muito minha atenção. Elas tinham tantas cores! Posso te confiar um segredo? Já senti muita inveja delas. Mas isso já passou, assim como as borboletas, que já se foram há muito tempo.

Enfim, um dia eu acordei em uma folha qualquer ouvindo a conversa entre uma borboleta adulta e uma larva da mesma espécie:

-Olha, se eu fosse você, começaria comendo a folha pela ponta. E não pelo caule, sei que é a melhor parte, mas se voce comer o caule, a folha vai ao chão com você junto. Lembre-se que ainda não tem asas! -Dizia a borboleta.

- Ai, grande coisa, a queda não é tão grande. Vale a pena. Agora, se eu fosse você, não voaria tão junto a água. Você pode ficar cansada e nunca chegar a borda. - Respondeu a larva com um certo ar de arrogância.

E assim foi por uns dez minutos, uma dizendo para a outra o que fazer, mas sem jamais ouvir um pouco os conselhos recebidos.

E, você pode imaginar o que aconteceu. A borboleta se afogou, a larva caiu da folha. A cigarra não trabalhou durante o verão e a formiga não aproveitou sua vida. E eu fiquei só escutando, passiva, apática, indiferente.Até que um dia eu me dei conta que as centenas de outros pequenos insetos não estavam mais lá.

domingo, 8 de agosto de 2010

El vidrio


Do alto do meu fio eu observava, cobiçosa, aquelas frutas aparentemente deliciosas que estavam cuidadosamente ordenadas naquela cesta de vime pintada de branco. Estavam muito distantes, mas tinha quase certeza que o odor delicioso que sentia vinha delas.

E sempre estavam ali, brilhantes e perfeitas. Inacessíveis. Havia uma grande segurança;
Primeiro: estavam no alto de uma torre. Décima segunda janela de baixo para cima; Quarta da direita para a esquerda e segunda se contar da esquerda para a direita.
Segundo: janelas fechadas. Janelas possuiam um fino mas forte metal que impedia minha entrada a noite.
Terceiro: guardas. Eram dois. Uma femea, que talvez fosse a mais frágil e o segunfo e pior, um jovem, porém alto, que espantava todos os insetos e passaros que se aproximavam de sua preciosa janela com um grito, que chegava a espantar até os de sua própria espécie.

Até que um dia aconteceu a coisa mais maravilhosa; aparentemente todos haviam saído, deixando as frutas desprotegidas e a janela aberta.

"Pode ser a minha única chance" - pensei.

Saltei de meu fio, e voei na maior velocidade possível, talvez tenha chegado aos 80km/h, estava com medo que outra ave se aproveitasse desse momento também. Chegando perto diminui um pouco minha velocidade para me deliciar com o momento, me aproximando cada vez mais e mais, já podia sentir o gosto das frutas, e o suco que saía delas...




- Eca! MÃE, TEM UMA POMBA MORTA NA MINHA SOLEIRA.
- Ew, será que ela deu de cara com o vidro?